sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Faz mal, é imoral ou engorda.
Faz mal.
Aquele amor louco, desesperado, aquela paixão sem freios com um abismo do lado, aquele amor que suga nossas energias e sem o qual supostamente não podemos viver. Um sufoco, uma agonia um não-sei-respirar-sem-você. Uma cegueira absurda, uma surdez sem limite, um ciúme que deixa de recordação uma gastrite.
É imoral.
Aquele amor de beco, escondido, com receio, aquele que ninguém pode saber. Num canto escuro, um sussuro e algumas mensagens que precedem o encontro sujo. Aquele amor de vinho, que a sobriedade não permite esquecer. Um amor impossível, que à noite é tão quente, e de dia esfria triste, um amor ébrio que deixa apenas o cheiro do perfume, que persiste.
Ou engorda.
Aquele amor calmo e sereno, que envolve nos braços, que são suaves os abraços, que a noite de amor acaba numa sobremesa de chocolate. Aquele romance quase apagado, um amor da sala pro quarto. Algumas horas assistindo filme num sofá desbotado. Uma mistura de pipoca e restaurantes, sem espaço para intensidade. Um prato de comida morna e sem vontade.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
A vida tem um quê de mistério, graça, ironia, queda, subida, dureza e pureza, que somente com o passar das experiências vamos desvendando. Muitas coisas a gente preferiria nunca desvendar, como o sabor amargo de uma traição ou a decepção com uma amizade. Todavia, não fosse o sabor amargo da traição, talvez jamais aprenderíamos a valorizar a confiança. Não fosse a decepção com alguma amizade, jamais enxergaríamos o valioso tesouro que temos em um amigo de verdade. Creio que tudo nesta vida há que ser dosado. Desacreditar do amor porque um dia te machucaram, é tornar ínfimo demais um sentimento tão grandioso. Descrer da amizade porque uma te decepcionou, é se fechar em um mundo mesquinho, sem cor e sem brilho. Fácil falar, não? É. Realmente é. Passar por tudo sem se deixar abater por completo, buscando tirar dos sofrimentos as lições que a vida quer nos ensinar, não é tarefa das mais simples. Às vezes é necessário repetirmos o "dever de casa", como alunos indisciplinados, que fizeram a tarefa sem realmente tê-la compreendido. E aí o sofrimento, as dores, as mágoas, tudo vira um ciclo. Mudam-se as pessoas, mas não os acontecimentos. Por mais que você busque novos ares, novos ambientes, novas amizades, novos relacionamentos, com o tempo, você nota que a superfície mudou, mas a essência é a mesma. Isso tudo porque você ainda não realizou o seu dever de casa de forma satisfatória. Deixou reticências onde deveria ter um ponto final. Fez operações de multiplicação nas mágoas que deveriam ser subtraídas. Deixou interrogações a esmo, sem respostas. Decorou todo o texto, sem realmente interpretá-lo. E, por isso, foi reprovado. Não aprendeu com a experiência. Não retirou da dor a lição que precisava para evoluir. A escola da vida sempre nos dará novas chances. Até que realmente nos tornemos alunos aplicados. Até que aprendamos a não fingir ter aprendido, mas aprender de verdade. Enquanto não aprendermos de verdade a lição, não seremos merecedores de novas lições, novos ares, novos amores, novas amizades. Em superfície e em essência. Sou apenas mais uma aluna nesta imensa escola. Tentando aprender as lições para não ser reprovada. Confesso que alguns deveres são por demais complicados. Mas, depois de ser reprovada tantas e tantas vezes, decidi que é perda de tempo não se arriscar. Não tentar, mesmo que isso nos machuque ainda mais, tirar a lição de cada experiência. Aprender a crescer sem traumas, tanto quanto nos for possível, dentro das nossas limitadas virtudes de seres imperfeitos ..
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