sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Faz mal, é imoral ou engorda.



Faz mal.

Aquele amor louco, desesperado, aquela paixão sem freios com um abismo do lado, aquele amor que suga nossas energias e sem o qual supostamente não podemos viver. Um sufoco, uma agonia um não-sei-respirar-sem-você. Uma cegueira absurda, uma surdez sem limite, um ciúme que deixa de recordação uma gastrite.

É imoral.

Aquele amor de beco, escondido, com receio, aquele que ninguém pode saber. Num canto escuro, um sussuro e algumas mensagens que precedem o encontro sujo. Aquele amor de vinho, que a sobriedade não permite esquecer. Um amor impossível, que à noite é tão quente, e de dia esfria triste, um amor ébrio que deixa apenas o cheiro do perfume, que persiste.

Ou engorda.

Aquele amor calmo e sereno, que envolve nos braços, que são suaves os abraços, que a noite de amor acaba numa sobremesa de chocolate. Aquele romance quase apagado, um amor da sala pro quarto. Algumas horas assistindo filme num sofá desbotado. Uma mistura de pipoca e restaurantes, sem espaço para intensidade. Um prato de comida morna e sem vontade.

Expectativa, do latim medieval spectativus:
esperar, desejar, ter esperança.

Sobre viagens

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

“Pois a boca fala aquilo de que o coração está cheio.”
Mateus 12:34
“Eles não se entendiam, raramente concordavam em algo. Brigavam sempre. E se desafiavam todos os dias. Mas, apesar das diferenças, tinham algo importante em comum: Eram loucos um pelo outro.”
Diário de uma Paixão
“O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.”
Martha Medeiros
A vida tem um quê de mistério, graça, ironia, queda, subida, dureza e pureza, que somente com o passar das experiências vamos desvendando. Muitas coisas a gente preferiria nunca desvendar, como o sabor amargo de uma traição ou a decepção com uma amizade. Todavia, não fosse o sabor amargo da traição, talvez jamais aprenderíamos a valorizar a confiança. Não fosse a decepção com alguma amizade, jamais enxergaríamos o valioso tesouro que temos em um amigo de verdade. Creio que tudo nesta vida há que ser dosado. Desacreditar do amor porque um dia te machucaram, é tornar ínfimo demais um sentimento tão grandioso. Descrer da amizade porque uma te decepcionou, é se fechar em um mundo mesquinho, sem cor e sem brilho. Fácil falar, não? É. Realmente é. Passar por tudo sem se deixar abater por completo, buscando tirar dos sofrimentos as lições que a vida quer nos ensinar, não é tarefa das mais simples. Às vezes é necessário repetirmos o "dever de casa", como alunos indisciplinados, que fizeram a tarefa sem realmente tê-la compreendido. E aí o sofrimento, as dores, as mágoas, tudo vira um ciclo. Mudam-se as pessoas, mas não os acontecimentos. Por mais que você busque novos ares, novos ambientes, novas amizades, novos relacionamentos, com o tempo, você nota que a superfície mudou, mas a essência é a mesma. Isso tudo porque você ainda não realizou o seu dever de casa de forma satisfatória. Deixou reticências onde deveria ter um ponto final. Fez operações de multiplicação nas mágoas que deveriam ser subtraídas. Deixou interrogações a esmo, sem respostas. Decorou todo o texto, sem realmente interpretá-lo. E, por isso, foi reprovado. Não aprendeu com a experiência. Não retirou da dor a lição que precisava para evoluir. A escola da vida sempre nos dará novas chances. Até que realmente nos tornemos alunos aplicados. Até que aprendamos a não fingir ter aprendido, mas aprender de verdade. Enquanto não aprendermos de verdade a lição, não seremos merecedores de novas lições, novos ares, novos amores, novas amizades. Em superfície e em essência. Sou apenas mais uma aluna nesta imensa escola. Tentando aprender as lições para não ser reprovada. Confesso que alguns deveres são por demais complicados. Mas, depois de ser reprovada tantas e tantas vezes, decidi que é perda de tempo não se arriscar. Não tentar, mesmo que isso nos machuque ainda mais, tirar a lição de cada experiência. Aprender a crescer sem traumas, tanto quanto nos for possível, dentro das nossas limitadas virtudes de seres imperfeitos ..

"Eu quero um amor, que por amor me queira."

“As consequências de alguns erros são tão berrantes, intensas, macabras… simplesmente pelo fato de serem irreversíveis.”